sexta-feira, 7 de março de 2008

Empreendendo na Nova Economia

Tenho que confessar uma coisa pessoal para vocês aqui: nunca me senti tão bem, profissionalmente falando, quanto agora. Mas isso não está absolutamente relacionado com o meu emprego normal, aquele das 30 e poucas horas semanais, escritório, etc. As coisas vão bem lá também, não posso reclamar de nada. Mas o que tem me dado tesão e tem me feito trabalhar com afinco por horas a fio sem ver o tempo passar, na realidade, é essa nossa aventura da Tribo.

Eu sempre acreditei que empreender tende a trazer mais satisfação do que trabalhar subordinado a alguém / alguma organização. Acredito que a questão financeira não é tudo na vida (nem perto disso), mas sempre percebi muitos amigos e parentes preferindo a “segurança” de uma carreira em uma grande empresa do que o “risco” de um empreendimento próprio. Particularmente eu não acredito muito na tal “segurança”, principalmente depois de ler O Mundo é Plano. E por outro lado, sempre fui muito adepto do risco (embora eu tenha descoberto isso tardiamente em um treinamento de liderança no qual saltei velozmente sobre obstáculos com os olhos vendados – o Dr. Zambol vai se lembrar disso).

Enfim, essa discussão emprego x empreendimento pode ir bem longe e não é o foco aqui. Quero me concentrar em uma questão que só me ocorreu alguns meses atrás: ter um blog, fazer o que estamos fazendo aqui na Tribo, é empreender de certa forma. Não estou falando de monetização, banners, AdSense, nem nada disso. Não estou discutindo no nível do modelo de negócio, e se ele dá lucro ou não. Estou falando do tipo de postura e do tipo de atividade que um blogueiro tem, e como isso se assemelha muito com tocar o próprio negócio. Confesso que apenas há uns 6 meses atrás caiu a ficha para mim. E, voltando ao O Mundo é Plano, finalmente entendi o que o Thomas Friedman quer dizer com “In-forming”, ou seja, como a nova economia propicia com que as pessoas possam administrar a sua “cadeia de suprimentos pessoal”.

Imagine uma pessoa qualquer, com uma vida profissional e pessoal interessante. Imagine essa pessoa iniciando um blog no qual ela apenas publica pensamentos, coisas que acontecem no seu dia-a-dia, etc. Nada demais. Para você, isso é empreender? Para mim é. Estou cada vez mais convencido de que, mesmo que essa pessoa não se dê conta, ela está empreendendo. Ora, ela está provendo um produto: conteúdo. Outras pessoas estão consumindo essa produção e provendo feedback (aliás em maior quantidade do que na maior parte dos negócios tradicionais). No final, temos um contexto que envolve planejamento, design, produção, marketing, distribuição, suporte e melhoria contínua. Ora, isso cobre boa parte do que está envolvido no dia-a-dia de um “real” pequeno negócio.

Alguem dirá: sim, mas e o dinheiro? E o modelo de negócio? Calma, sejamos mais flexíveis aqui. Vamos nos permitir ser mais irresponsáveis nesse caso. A questão é que o modelo de negócio não existe. E portanto não existe dinheiro. Ainda. Mas isso não invalida em nada o que falei até então. Para provar, vou citar uma conferência ocorrida poucos dias atrás. Algumas figuras importantes do cenário empreendedor do Vale do Silício estavam reunidas em um debate, quando alguém perguntou a eles: “E o modelo de negócio? Quando vocês comecarão a ganhar dinheiro?”. A resposta foi um sonoro: “Não temos idéia, ainda”. O ponto deles é que atualmente as empresas da nova economia (Web 2.0 ou como você quiser chamar) estão focadas em soluções que gerem grandes volumes de acessos, colaboração e geração de conteúdo. A partir daí naturalmente novas ferramentas surgirão e eventualmente modelos de negócio serão criados. Eles foram claros: quem focar demasiadamente em modelo de negócio agora vai falhar. Juntos, esses “malucos” já reúnem centenas de milhões de dólares em investimento de risco. Apenas para “tentar” descobrir esses modelos de negócio em alguns anos.

Enfim, eu estou imensamente satisfeito por fazer parte dessa revolução. Para mim, é como se eu estivesse tocando o meu negócio. Tenho que planejar o design e o marketing dos meus produtos, penso constantemente em como melhorar a qualidade do que produzo, avalio cuidadosamente o feedback dos meus “clientes”, etc. Agradeço muito ao Jack e ao Zambol por me permitirem fazer parte dessa brincadeira. Eles como “sócios” são infinitamente melhores do que meus chefes.

Empreenda você também. Agora que você pode fazer a Tribo, vire sócio desse empreendimento. Eu lhe asseguro que a satisfação pessoal será grande.

Reggie, the Engineer
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