quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Uma História de Pressão Que Deu Certo

Quem conhece a história do Wal-Mart sabe que é uma companhia incrível. Polêmica, mas incrível.

Como a maioria dos grandes casos de sucesso no mundo, ela cresceu porque não tinha outra alternativa. Não foi um movimento de gênio, nem uma coisa planejada. Ou era isso ou talvez ela perderia inclusive o que tinha na época.

Pois bem, para voltar a ser competitiva, ela tinha que fazer algo diferente. Com quase todas as empresas comprando dos mesmos atacadistas, ficava muito difícil fazer a diferença. Foi então que fizeram o primeiro passo da virada: decidiram comprar diretamente do fabricante e enviar tudo para o centro de distribuição. A lógica era a seguinte: iriam gastar 3% para manter seus próprios centros de distribuição, mas economizariam 5% comprando diretamente do fabricante.

Mas se o plano fosse só esse, teria dado errado também. Decidiram que a margem deveria crescer com base em duas coisas: conseguir fabricantes cada vez mais baratos (agora que eram independentes de atacadistas) e ter uma tecnologia que possibilitasse a redução desse custo, cada vez mais.

Começa então a fase da pressão. Ou fornecedores conseguem preços mais baratos ou são varridos do mercado. Eles têm que se adaptar a essa ciranda e, por isso mesmo, muitos abrem fábricas na China para tornarem-se mais competitivos. Nessa fase ainda, alguns excessos são realizados pela Wal-Mart em prol da eficiência, como trancar funcionários à noite nas lojas e possibilitar trabalho a imigrantes ilegais. Mas logo aprenderam depois de alguns processos judiciais e alguns outros prejuizos de imagem.

O resultado quase todos conhecem: o Wal-Mart tornou-se o maior varejista do mundo, com números que beiram a loucura. Por exemplo, 2,3 bilhões de caixas com os mais diversos produtos passam pelos centros de distribuição e são levados para as lojas a cada ano. Ou o que você acha de vender 400 mil computadores HP no natal – em um único dia? Pois é, esses são os números da pressão que deu certo, depois de alguns pequenos ajustes no caminho.

Onde quero chegar hoje? Quero dizer que, apesar de tudo isso, os executivos do Wal-Mart colocam a informática como um dos principais fatores de sucesso. O primeiro deles seria o controle do centro de distribuição – saber onde exatamente estão as caixas, para onde irão, etc. Certamente o Wal-Mart não seria o que é hoje sem isso. O segundo, e mais impressionante, foi colocar a informação do que é vendido aos fabricantes. A pressão não poderia ser unilateral – o Wal-Mart também deveria ajudar os fabricantes. No caso, a informação servia para que todos controlassem o número de peças que deveriam fabricar. O sistema de TI do Wal-Mart possibilita que quando você sai com uma cadeira do super-mercado, o fabricante seja avisado que mais uma cadeira será necessária, em tempo real. O Wal-Mart não usou a área de TI - ela tinha uma parceria e recebia idéias inovadoras dessa área.

Então, caros amigos de TI, os tempos mudaram e mudam cada vez mais rápido. Hoje, TI praticamente não é um setor à parte, mas sim parte integrante do business. Se você ainda está só se preocupando em como implementar o requisito da melhor maneira possível em Java, talvez você tenha perdido essa onda. Você deveria estar se preocupando é se o requisito faz sentido e em validá-lo e escrevê-lo.

Dr. Zambol

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