sexta-feira, 1 de junho de 2007

No bullshit, please...

Antes de mais nada, quero cumprimentar o meu amigo Dr. Zambol pelo seu excelente último post. Meu assunto hoje vai um pouco na mesma linha, algo que inclusive já mencionei antes. Quero comentar como o ambiente das empresas acaba naturalmente promovendo a falsidade nas relações interpessoais.

Vamos pensar por exemplo na questão das metas. Tenho certeza que vários de vocês devem passar por aquele ciclo anual (ou até mais curto) de definição de metas e planos de ação. Como Dr. Zambol falou, muitas das metas definidas são irreais, mas até aí tudo bem. Eu esperaria que as pessoas levantassem de suas cadeiras e reclamassem contra isso. Mas infelizmente não é o que acontece. O que acontece é um grande jogo de mentiras. Eu faço de conta que entendi as metas e que acho elas perfeitamente atingíveis. Já você faz de conta que acredita em mim. Conheço gente que mente tanto para si mesmo que realmente passa a acreditar em coisas que não existem ou são diferentes.

E assim gira a roda dos ambientes de escritório. Preste atenção, em toda e qualquer relação interpessoal de negócio na sua empresa. Veja quanta falsidade está presente ali. Um fazendo de conta que trabalha, o outro fazendo de conta que cobra. Um fazendo de conta que planeja, o outro fazendo de conta que enxerga um plano claro e conciso. Um fazendo de conta que entende de um assunto, o outro fazendo de conta que acha seu colega realmente competente.

Esses tempos eu estava conversando com meu amigo Jack e discutíamos como algumas pessoas na verdade abordam a tal "Carreira em Y" como um caminho no qual você não quer se envolver com "business-bullshit", e um outro caminho no qual você aceita se envolver com isso, e até está interessado em jogar o jogo. Acho triste essa visão, mas entendo. Realmente é muito complicado ser você mesmo em um ambiente corporativo. Pense em quantas vezes você queria ter dito o que pensa, ou o que acha certo, mas não conseguiu. Quantas vezes você quis dar um feedback real para aquele colega incompetente, mas não o fez. Eu assumo: me vejo nessa batalha todos os dias.

Mas sejamos produtivos: como então sair dessa? Na minha curta experiência, acho que ainda estou aprendendo. Mas já percebi que ser 100% direto e crítico não funciona. O ideal é ter bom-senso, ser muito honesto e claro nos seus propósitos. Faça e diga o que você acha que é certo. Mas não se coloque na posição de "Dono da Verdade" ou "Salvador da Pátria". Seja aberto a outras idéias, escute muito e dê muito feedback. Com o tempo as pessoas se acostumam ao seu jeito, e aí sim você pode ter sucesso.

Reggie, the Engineer.
--