quinta-feira, 17 de maio de 2007

XP e o Notebook mais barato do mundo

O meu primeiro emprego foi como programador em uma empresa quase pública. Que na verdade só tinha a parte ruim do serviço público, politicagem e a morosidade para efetuar mudanças, salários e benefícios que é bom, nada. Eu trabalhava em um núcleo que fazia software de prateleira, liderado por um cara muito gente boa, um daqueles idealistas sem estômago para o Corporate Game. Apesar da gurizada não saber direito o que estava fazendo já tínhamos sete pacotes desenvolvidos, com mais de mil e quinhentas cópias distribuídas, resultado interessante para algo que começou como projeto de pesquisa.

Um belo dia um gerente de outro setor veio nos procurar. Ele havia se comprometido a entregar um software de Banco de Questões, o projeto já estava acabando e os caras não tinham nem começado. Um dos nossos pacotes era justamente um Banco de Questões e para atender os requisitos dele precisávamos desenvolver apenas uma funcionalidade adicional. Fizemos uma estimativa conservadora e o custo em horas acabou ficando em R$ 7.000. Como não podíamos receber dinheiro, pois estávamos na mesma empresa, meu chefe negociou um notebook em troca do trabalho, que custava na época aproximadamente o valor que estimamos.
E lá fui eu codificar.

É preciso explicar que sou do tempo que se fazia programação em pares por necessidade, a empresa não tinha micro para todos forçando duas pessoas a dividir o teclado de vez em quando. Analisando agora, acho que essa prática acabou por compensar inúmeras das nossas deficiências técnicas de início de carreira, sendo um dos fatores de sucesso do setor.

Sentei na frente do micro com um colega ao lado. De início ele uma grande idéia para codificar o requisito e meia hora depois o código estava pronto. Mais meia hora para compilar e testar, e tudo terminado.

Recebemos um notebook por uma hora de trabalho. Nada mal para um bando de estagiários. Estava na hora de trocar de emprego.

[]s
Jack DelaVega