segunda-feira, 21 de maio de 2007

Preste Atenção aos Dentes

Ele veio para minha área como um presente. De princípio achei que eu fosse um gerente abençoado, que, mesmo em épocas em que as áreas se matavam por recursos, tinha ganho um desenvolvedor sênior. Praticamente de graça, era só usar.

Mas na primeira conversa com ele fiquei desconfiado, e muito. Ele nunca tinha ouvido falar de patterns, Java era um grande problema e a lógica parecia não se encaixar direito. Entretanto, “cavalo dado não se olha os dentes”, pensei.

Inseri o novo desenvolvedor em um projeto com um líder experiente. Queria minimizar o possível dano e sabia que, para isso, precisava de alguém realmente experiente “na cola” dele. Alguns dias depois o óbvio ocorreu. Até os desenvolvedores mais inexperientes do projeto vieram me procurar reclamando que estavam odiando ter que explicar tudo para uma pessoa que ganhava 3 vezes o que eles ganhava e produzia 3 vezes menos.

Não sou um gênio em matemática, mas sei muito bem multiplicar 3 e 3 e saber que não conseguiria suporta esse número 9 por muito tempo.

Reunião marcada com a equipe. Entro e peço um apoio de todos. Explico que todos podem ter um início ruim e queria que toda a equipe desse atenção total e ele. Se um dia trocassem de emprego, certamente iam querer ao menos uma segunda chance.

Não quero me estender aos detalhes, mas nada deu certo. E para piorar a situação, ele era protegido por pessoas influentes. Para demiti-lo, muito trabalho e muita dor de cabeça – documentando cada detalhe no processo.

Depois daquele dia voltei para casa com uma lição aprendida. Se ao menos tivesse levantado os lábios do meu “presente”, veria que os dentes estavam podres. Daquele dia em diante, cada dia de manhã, nem os meus dentes passam desapercebidos.

Dr. Zambol.
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