quarta-feira, 9 de junho de 2010

Apagão de Talentos - Parte 1

Grande Jack,

Acompanho a Tribo faz algum tempo e sou um grande fã do trabalho de vocês. Escrevo para contar um pouco da experiência que estou vivenciando na minha empresa. Como você sabe, o mercado de Tecnologia está aquecido de maneira geral mas acho que aqui no Sul as coisas estão melhores, ou piores, depende da perspectiva. Trabalho em uma grande empresa de desenvolvimento de software e recentemente alguns novos players, dentre eles multinacionais, começaram a operar no estado. Resultado, só no último mês cinco pessoas deixaram nossa companhia.

No começo achei que isso fosse uma coisa negativa, afinal, como vamos garantir a qualidade da entrega se estamos perdendo profissionais chave? Mas, analisando melhor, me dei conta que isso é muito bom para os profissionais e até mesmo para a organização. Ter alternativas sempre é algo positivo, a concorrência só não é boa para quem não tem competência. 

Honestamente, eu gosto bastante da minha empresa atual. Gosto do ambiente corporativo e das "diversas empresas" que coexistem em nossa organização. Não faltam desafios e oportunidades para os profissionais. Mas, acredito que, algumas vezes, agimos (a empresa age) de forma arrogante. Explico, já escutei de diversos gestores que o nosso turnover é baixo, são pouquíssimas pessoas que deixam a empresa e tem uma fila de profissionais querendo entrar. O resultado disso é uma certa postura de conforto por parte da companhia. Para que melhorar práticas de gestão ou remuneração em um cenário como esse?

Isso até agora, isso até aparecer a bendita concorrência. A boa notícia é que as coisas estão mudando rapidamente e não podemos mais nos dar ao luxo de um comportamento arrogante assim. Com o aquecimento do mercado o desafio dos gestores ficou muito mais complexo. Como manter a equipe motivada dentro de uma empresa onde nível de exigência é altíssimo, com políticas conservadoras de RH, enquanto o mercado está pagando preço de ouro por profissionais qualificados? E coisa só tende a piorar, pois, o assédio dessas empresas é intenso.
Jack, 
Meu ponto é que os nossos gestores precisam mudar, se qualificar, é uma questão básica de sobrevivência. Infelizmente, não estou vendo movimento nesse sentido. Falta preparo e ferramentas necessárias para retenção. Tenho ouvido histórias de gerentes tentando segurar funcionário apelando para o "amor a camiseta". Francamente, não sou mercenário, mas se amor a camiseta é o único argumento viável, já perdemos esse jogo.

Era isso meu amigo, o que você acha?

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Na próxima semana eu respondo essa questão. Fique ligado.

[]s
Jack DelaVega