terça-feira, 11 de maio de 2010

O Talento Incomoda

Ok, eu gosto de futebol, mas não me vêm muitas lembranças do Dunga como jogador quando penso nele. Me lembro dele batendo de frente com o Alemão (?) na Copa de 1990, sendo humilhado pelo passe do Maradona. Me lembro dele tomando chapéu e elástico do Ronaldinho Gaúcho em uma final do Gauchão. Me lembro dele levantando a taça em 1994 e xingando Deus e todo o mundo. Ah, e me lembro que ele tentava uns lançamentos "trivela" que ás vezes funcionavam. Mas apesar das poucas lembranças, respeitava ele como jogador.

Como treinador no entanto...

A vida imita a arte, diz o ditado. E o futebol imita a vida.

Hoje, esse mesmo Dunga divulgou uma lista de jogadores de futebol convocados para a seleção Brasileira que disputará a Copa de 2010 na África do Sul. Mas não entendo essa lista. Ou não entendo mais de futebol. Ou de arte. Ou não entendo mais de vida. Ah, ou melhor, entendo sim...

Dunga é aquele tipo de treinador, aquele tipo de comandante, aquele tipo de líder.

Ele manda, os outros obedecem. Ninguém pode brilhar muito mais do que ele. Ele tem uma tarefa a cumprir. Um mandado "celestial" a encerrar. O talento incomoda.

O ponto é que na lista de Dunga não consta o melhor goleiro em atividade no país. Não constam os melhores atacantes da atualidade nascidos em solo tupiniquim. Ali não está o maior jogador da história do futebol Brasileiro ainda em atividade. Talento. Não. Ali há um enorme número de medianos. Comandados. Lutadores. Batalhadores. Brigadores. Como Dunga. Talento? Não, incomoda.

O talentoso critica. O talentoso pergunta "por quê assim?". O talentoso tem luz própria, chama a atenção, arrasta, lidera naturalmente. O comandante não pode perder o controle sobre o "time". Uma "estrela" estraga o espírito de equipe, uma "estrela" não puxa o saco do comandante.

Dizem que existem líderes que adoram o talento. Adoram cercar-se de pessoas talentosas, para terem o seu trabalho facilitado. É... pode ser, até existem mesmo. São raros no futebol, no entanto. Inexiste na seleção Brasileira. Bom é a "convicção", o "trabalho", a "coerência". Talento? Não, estraga. Isso é coisa do passado. Não existe mais.

A vida imita a arte, e o futebol imita a vida. Ou não?

Salve o talento e a alegria de viver e de ser talentoso. Ainda que não valha de nada.

Reggie, the Engineer (João Reginatto)
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