quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Seguindo Regras 


Essa eu ouvi em uma das geniais palestras do TED. O sujeito levou o filho a um jogo de baseball e lá pelas tantas o menino pediu uma limonada. Na lanchonete o vendedor avisou que só tinha limonada "Buba". O desavisado pai comprou a tal limonada sem saber que "Buba" é um tipo de refresco que contém 5% de álcool. Um guarda que estava passando no estádio viu o menino tomando a limonada e chamou o 911. Resultado, foram todos parar no hospital, onde se constatou que o menino não tinha álcool no sangue. Porém, eles não puderam ir para casa, o menino foi encaminhado para um "Conselho Tutelar" pois não poderia ficar na presença de um pai que lhe permitisse consumir bebidas alcoólicas. Dois dias depois o menino foi liberado para voltar para casa, contanto, que o pai não morasse mais sob mesmo teto. O pai foi morar em um hotel onde ficou por mais duas semanas até que a questão foi resolvida em um tribunal e a família pôde se reunir novamente.

Quando entrevistados depois do fato todos os servidores públicos afirmaram que não concordavam com o que estavam fazendo, mas que tinham regras a cumprir. É difícil pensar em uma situação com essa acontecendo no Brasil, mas tendo morado nos Estados Unidos, entendo como uma coisa relativamente comum. Uma das melhores coisas de sem morar lá é o fato dos americanos seguirem regras claras. E uma das piores coisas de se morar nos Estados Unidos é o fato deles seguirem regras claras.

Durante meu tempo lá nunca me dei ao trabalho de tirar carteira de motorista. A polícia geralmente aceita o passaporte de estrangeiro quando você é parado, portanto isso nunca foi um problema. Exceto, para comprar bebidas alcoólicas. A estúpida lei do Texas exige um documento com foto emitido pelo próprio estado, vide Carteira de Motorista. Perdi a conta de quantas vezes tive que deixar uma garrafa de vinho no caixa do supermercado porque o atendente tapado, e algumas vezes o gerente tapado, insistiam em seguir a regra ao pé da letra e não aceitar o meu passaporte como comprovação de idade.

A situação inversa aconteceu na minha visita ao consulado brasileiro em Houston. Viajei uns trezentos quilômetros para registrar o meu filho brasileiro e fazer o passaporte dele. Chegando lá, apesar de ter marcado horário e do consulado estar praticamente vazio, tive que esperar meia hora para ser atendido, coisas de Brasil. Fiz o registro do menino, mas a surpresa veio na  hora do passaporte, palavras da agente consular:
- Normalmente a gente leva dez dias para entregar o passaporte, mas como o senhor veio de longe e está com o menino aqui, vou dar um jeitinho e entregar na hora mesmo.

Voltando a palestra do TED o apresentador conclui:
- De nada servem regras sem bom-senso, sem sabedoria.
Eu não posso concordar mais.

[]s
Jack DelaVega