sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Começar de Novo

“Larry estava ansioso. Na semana seguinte, mudaria de área dentro da empresa, algo que ele há muito tempo aguardava. Precisava respirar ares novos, conhecer gente diferente, o ambiente atual estava muito consolidado e ele não tinha mais espaço para crescer.

Júlio seria o novo gerente de Larry. Tratava-se provavelmente do gerente mais jovem do departamento, e Larry estava ‘com uma pulga atrás da orelha’ por causa disso. Larry foi até seu amigo Rodrigo e perguntou:

- E aí, como é esse Júlio?
- Olha, o cara se puxa* – respondeu Rodrigo.

Já na primeira reunião com Júlio, Larry percebeu que realmente tratava-se de um gerente diferente dos que ele havia conhecido até então. Júlio perguntava, ouvia, queria saber, deixava falar.

Trabalhar com Júlio sempre foi bacana, porque nunca se tinha certeza sobre o próximo passo. Como Randy Pausch define, o dia-a-dia ao lado de Júlio era repleto de ‘head fake learning’, ou situações das quais você participa e sem perceber acaba aprendendo alguma coisa. A mais memorável dessas situações foi uma ocasião em que Júlio pediu a Larry e mais dois colegas que trabalhassem em um treinamento técnico para a empresa. Larry nunca aprendeu tanto em tão pouco tempo. Mas mais importante, aprendeu coisas aparentemente não relacionadas com o treinamento em si, como a importância da interação e colaboração dentro de um ambiente profissional, a importância de falar bem sobre o que você faz tanto quanto fazer bem o que você faz, como liderar e influenciar pessoas sem a formalidade de um cargo, entre outras coisas.

E aquele ano acabou sendo um dos mais produtivos da carreira de Larry. Talvez não tanto do ponto de vista de progressão ou ganhos financeiros (que é como a maioria ainda mede seu sucesso profissional). Mas sim do ponto de vista pessoal, de maturidade, de entendimento das coisas que são e das que parecem ser, e principalmente das coisas que podem ser. Júlio sabia identificar os talentos das pessoas e transformar isso em performance, como dita o manual do bom gerente.”


Tem muita gente que reclama de mudança no ambiente profissional. Eu adoro mudança, na verdade já percebi que a minha tolerância à falta de mudança atualmente está ao redor de 6 meses. Preciso de objetivos diferentes, de interações diferentes, fazer coisas diferentes a cada ciclo. Goste você ou não, a mudança sempre nos dá a chance de aprender. Talvez aí esteja a explicação para o meu gosto: sou viciado em aprender. Portanto preste atenção às possibilidades de mudança em sua carreira, por mais insignificantes que pareçam. Você pode topar com um Júlio da vida e isso pode mudar totalmente o rumo das coisas.


Em tempo, sucesso ao Júlio em sua nova empreitada. O resultado eu não tenho dúvida de qual será, a questão é: como continuar aprendendo com ele?


Reggie, the Engineer


* A expressão “se puxa” vem do gauchês “se puxar” que significa surpreender, quebrar a banca, arrebentar a boca do balão, ou qualquer outra bobagem assim.