“Larry estava ansioso. Na semana seguinte, mudaria de área dentro da empresa, algo que ele há muito tempo aguardava. Precisava respirar ares novos, conhecer gente diferente, o ambiente atual estava muito consolidado e ele não tinha mais espaço para crescer.
Júlio seria o novo gerente de Larry. Tratava-se provavelmente do gerente mais jovem do departamento, e Larry estava ‘com uma pulga atrás da orelha’ por causa disso. Larry foi até seu amigo Rodrigo e perguntou:
- E aí, como é esse Júlio?
- Olha, o cara se puxa* – respondeu Rodrigo.
Já na primeira reunião com Júlio, Larry percebeu que realmente tratava-se de um gerente diferente dos que ele havia conhecido até então. Júlio perguntava, ouvia, queria saber, deixava falar.
Trabalhar com Júlio sempre foi bacana, porque nunca se tinha certeza sobre o próximo passo. Como Randy Pausch define, o dia-a-dia ao lado de Júlio era repleto de ‘head fake learning’, ou situações das quais você participa e sem perceber acaba aprendendo alguma coisa. A mais memorável dessas situações foi uma ocasião em que Júlio pediu a Larry e mais dois colegas que trabalhassem em um treinamento técnico para a empresa. Larry nunca aprendeu tanto em tão pouco tempo. Mas mais importante, aprendeu coisas aparentemente não relacionadas com o treinamento em si, como a importância da interação e colaboração dentro de um ambiente profissional, a importância de falar bem sobre o que você faz tanto quanto fazer bem o que você faz, como liderar e influenciar pessoas sem a formalidade de um cargo, entre outras coisas.
E aquele ano acabou sendo um dos mais produtivos da carreira de Larry. Talvez não tanto do ponto de vista de progressão ou ganhos financeiros (que é como a maioria ainda mede seu sucesso profissional). Mas sim do ponto de vista pessoal, de maturidade, de entendimento das coisas que são e das que parecem ser, e principalmente das coisas que podem ser. Júlio sabia identificar os talentos das pessoas e transformar isso em performance, como dita o manual do bom gerente.”
Tem muita gente que reclama de mudança no ambiente profissional. Eu adoro mudança, na verdade já percebi que a minha tolerância à falta de mudança atualmente está ao redor de 6 meses. Preciso de objetivos diferentes, de interações diferentes, fazer coisas diferentes a cada ciclo. Goste você ou não, a mudança sempre nos dá a chance de aprender. Talvez aí esteja a explicação para o meu gosto: sou viciado em aprender. Portanto preste atenção às possibilidades de mudança em sua carreira, por mais insignificantes que pareçam. Você pode topar com um Júlio da vida e isso pode mudar totalmente o rumo das coisas.
Em tempo, sucesso ao Júlio em sua nova empreitada. O resultado eu não tenho dúvida de qual será, a questão é: como continuar aprendendo com ele?
Reggie, the Engineer
* A expressão “se puxa” vem do gauchês “se puxar” que significa surpreender, quebrar a banca, arrebentar a boca do balão, ou qualquer outra bobagem assim.