segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Confraria do Crepúsculo

Nunca simpatizei muito com networking. O simples fato de falar com pessoas para que elas me conhecerem, resultando em ganho para alguma ou ambas as partes me parece errado de alguma maneira. Sei lá, pode ser problema comigo, mas sou um pouco “ermitão”, como a maioria das pessoas de TI. Lembro de um colega falando que um profissional deve distribuir pelo menos vinte cartões de visita por mês. Solicitei um cento à quase dois anos e acho que ainda tenho uns oitenta sobrando.

De qualquer jeito, o fato é que pelo menos uma vez por mês me encontro com o pessoal do serviço para tomar uma cerveja e colocar a conversa em dia. Não é networking, é mais terapia em grupo mesmo, talvez um pouco mais que isso. A Confraria do Crepúsculo, assim apelidada tem regras claras, como qualquer confraria que se preze:
  1. Para participar só com convite formal, aprovado pelos todos membros.
  2. Aquele que convida é responsável pelo novo membro, ai dele se falar bobagem.
  3. O que se fala na mesa, morre na mesa.
  4. E finalmente, a que eu mais gosto, dívida de cerveja se paga com cerveja.
Semana passada me dei conta de que a Confraria não está indo mal. A maioria foi promovida, trocou de empresa ou de função sempre para melhor. Alguns até estão morando fora do país, o que dificulta a cerveja, mas fazer o que? São os percalços do sucesso. O fato que me chamou a atenção é que esse microcosmo da empresa está indo muito bem, obrigado, a despeito do resto. Cabe a análise: Isso é causa ou consequência? A Confraria do Crepúsculo congrega profissionais de sucesso porque escolhe os mais competentes? Ou o fato de participar da Confraria faz com que as pessoas tenham mais sucesso? Tostines vende mais porque é fresquinho?

Infelizmente como grande parte dos nossos posts, não tenho a resposta. Gostaria de ser pretensioso o suficiente para dizer que a Confraria ajuda na carreira das pessoas. Poderia até criar uma empresa de consultoria de carreira regada a cerveja, tá aí uma idéia para depois da aposentadoria. Uma boa explicação pode estar relacionada ao fato de que nos últimos meses alguns membros da confraria foram convidados a trabalhar com outros. Como se a mesa servisse como uma grande processo de entrevista. No fim das contas as opiniões expressadas nesse ambiente acabam sendo muito mais verdadeiras. O álcool é um excelente "elixir da verdade".

O Jack Welch comenta que um sujeito que trata mal um garçon vai fazer o mesmo no ambiente de trabalho e deve ser evitado como funcionário. Imagino se o velho Jack tirou essa conclusão da mesa de bar. Quanto a mim, vou continuar a minha botecoterapia enquanto o fígado aguentar.

[]s
Jack DelaVega