quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Nível C

Você já ouviu falar do "Nível-C"? Certamente já, mas talvez não usando essa expressão. Ela vem do inglês "C-Level" ou "C-Suite" e representa o as posições executivas no topo de cada carreira, como CEO (Chief Executive Officer), CFO (Chief Finance Officer), CIO (Chief Information Officer), CMSO (Chief Marketting and Sales Officer) e algumas outras.

Um estudo realizado por Boris Groysberg, autor de "Chasing Stars: The Mith of Talent and the Portability of Performance" com pessoas de todo o mundo desempenhando posições no "nível-C", demonstrou uma verdade que a maioria das pessoas teimosamente reluta em aceitar: quando se chega no "nível-C", expertise técnica e funcional importa muito menos do que habilidades de liderança e conhecimentos do negócio. E não pense que isso só serve para o CEO ou o CFO. A medida que se sobe na empresa - líder de time, gerente, diretor e VP o mesmo é válido: cada vez mais habilidades de liderança sobrepujarão expertise técnica e cada vez mais um conhecimento da estratégia e do negócio da empresa em si serão infinitamente mais essenciais do que expertise funcional de sua área de conhecimento.

Vamos analisar dois exemplos:

  • CIO - a posição máxima na área da informática . Há 20 anos atrás, essa posição nem existia. O máximo que se via era um diretor de informática, que geralmente vinha da área técnica e ainda era extremamente detalhista e lógico, cuja responsabilidade limitava-se a liderar o time para executar o que havia sido definido como estratégia. Hoje em dia, exige-se que o CIO tenha uma visão muito mais ampla e uma responsabilidade muito maior do que "executar". Ele tem que possuir uma visão geral do negócio em que trabalha, analisando holisticamente todas as áreas da empresa e ajudar no plano estratégico da companhia. Ainda, deve ter expertise em alocaçao de investimentos e na utilização do ROI (Return on Investment - Retorno do Investimento) para apoiar em suas decisões. Como diz Boris, o CIO hoje não deve se preocupar tanto em executar os projetos bem, mas em escolher os projetos que valham a pena e, esses sim, trabalhar para sua correta execução. Por essa razão, conhecimentos profundos de terceirização e alianças externas também são característica essenciais de um CIO de sucesso.
  • CHRO (Chief Human Resources Officer) - a posição máxima de RH de uma empresa. Mais e mais, essa posição não está sendo escolhida entre os membros atuais da equipe de RH por uma simples razão: ela necessita ser uma posição estratégica e, para tanto, precisa entender profundamente do negócio e de quais talentos são realmente necessários para o sucesso da estratégia, independentemente da região. Imagine então as características-chave dessa posição: habilidade comercial, conhecimento do funcionamento interna das principais áreas da empresa, conhecimento do mercado global e liderança para inspirar outros e para criar campanhas motivacionais (e de contratação). De fato, algumas empresas estão pegando vice-presidentes de outras áreas e "promovendo-os" para a posição de CHRO.

A lista poderia ser bem maior, olhando-se para o CFO, CMSO e outras posições executivas (o CEO, tanto discutido em literaturas, merece um post à parte). Mas a mensagem importante que devemos todos tirar é o quanto às vezes nos prendemos somente na habilidade funcional que, para o planejamento de longo prazo da carreira, pode e provavelmente não será a coisa mais importante. Como nosso tempo é finito, escolhas em que o devemos focar hoje deve estar alinhado com seu plano de carreira...

Lembre-se disso: comece a prestar atenção no modo como você pratica liderança e inspira as pessoas à sua volta e no seu entendimento da estratégia e do negócio da empresa. Ser gerente hoje em dia sem essas habilidades já lhe tornarão apenas um gerente medíocre. Passar da gerência sem elas é planejar para o fracasso - seu e da sua empresa.

Dr. Zambol
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