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sábado, 10 de dezembro de 2011

Lição de perspectiva: Um passeio sobre novos ares


- Oi Ana, tudo bem? Posso me sentar com você para tomar este café?

- Claro Roberto, por favor, fique à vontade.

- Sabe Ana, já que estamos aqui, queria aproveitar para lhe fazer uma pergunta sobre algo que venho percebendo nesses últimos dias. Como de repente você conseguiu adquirir essa serenidade, mesmo sabendo que o furacão aqui na empresa ainda não passou?

- Então meu amigo, acontece que eu aprendi a andar de helicóptero.

- Como?

- Calma. Fiz a mesma pergunta à pessoa que me ensinou, mas agora está tudo claro, deixa que lhe conto a história toda. Estava decidida a pedir demissão, precisava apenas bater um papo com meu mentor antes de fazer o comunicado oficial. Entrei na sala dele, meio inquieta, meio desiludida, dei-lhe um daqueles abraços apertados, como quem se vê aliviada diante da esperança materializada à sua frente, sentei, e com uma respiração bem profunda, forcei meu silêncio.

- Vejo que está evoluindo, Ana. Lembrou da importância da respiração que tanto conversamos semana passada.

- Não esqueço seu olhar de orgulho contrastando com um misterioso sorriso de Monalisa. Fiz sinal de afirmação com a cabeça, juntamente com um “esticar de lábios” pouco convincente, na tentativa de retribuir a expressão acolhedora.

- Lembra-se também que falamos sobre comportamento assertivo e toda aquela história de se expressar de maneira afirmativa para deixar as coisas bem resolvidas?

- Lembro sim.

- Pois então me diga exatamente o que você está sentindo neste momento e o que lhe traz até aqui.

- Às vezes fica muito difícil manter aquela esperança que faz a gente acreditar no sol depois da tempestade, e a paciência, para esperar este momento chegar. Sem perceber, você começa a dar sinais de desistência, na despreocupação com a aparência, na falta de interações sociais, até que isso também se reflita no seu rendimento profissional com a diminuição de resultados. Só que o mundo não congela e te dá um tempo para encontrar sua nova fonte de motivação, então seu corpo e sua mente passam a fazer um esforço descomunal para seguir tocando o barco, ainda com o risco de morrer no mar. Sinto que estou afundando.

- Ele então olhou para sua direita, mirando o céu azul sem nuvens que podia ser visto perfeitamente através de uma grande janela de vidro. Estacionou seus pensamentos ali por alguns segundos e voltou à atenção para mim.

- Primeiro, esqueça essa história de barco. Mude seu veículo de transporte. Aprenda a passear de helicóptero!

- Como? Disse indignada. – Utilizei uma metáfora para expressar meus profundos sentimentos e você responde com um conselho literal?

- É mental, não literal. Te dá perspectiva. O dia está ruim? Pensa na semana. A semana está ruim? Pensa no ano. O ano está ruim? Pensa na vida!

- Foi o melhor conselho que já recebi até hoje...

- Entendi. Mas então, só por curiosidade, você já passeou de helicóptero de verdade? Não teve vontade de viver essa experiência real?

- Vontade eu tive sim, e muita, mas não fui. Fico com receio de não querer mais descer, sabe.


(uma homenagem ao amigo Marcos)

Beatriz Carvalho

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Reedição - Coisas que deixamos pelo caminho

Thomas saiu para correr às seis e trinta da manhã e chegou ao parque quinze minutos depois. Depois de uma noite mal dormida o natural seria pular o exercício e ficar um pouco mais na cama, não para ele. Precisava disso, precisava do exercício para acertar as idéias. As coisas no trabalho não iam bem, os conflitos com o chefe eram constantes, ao ponto dele não ter certeza se teria emprego na próxima semana. Não deveria ser assim, ninguém deveria brigar para fazer o que gosta. Passou por um casal sentado em um banco no parque. Estavam abraçados, juntinhos, a taça de champagne indicava que, para eles, era ainda a noite que estava terminando e não o dia começando. Sentiu uma ponta de inveja, dos dias mais simples, quando podia se dar o luxo de passar a noite em claro com alguém.

Marcos e Érica não conseguiam se desgrudar, literalmente. A impressão dela é que se quebrasse aquele abraço nunca mais o teria nos braços. Era muita loucura, muita paixão, e agora, muito sofrimento. Conheceram-se apenas dois meses atrás meio que por acaso, e a paixão foi avassaladora. Sentiam-se ligados, como se juntos por anos. O problema eram os planos de Marcos para o MBA nos Estados Unidos, planos feitos antes disso. Decidiram não dormir na noite que antecedia a viagem e culminava no dia de hoje. Marcos fechou os olhos e apertou mais ainda o abraço. Harvard ou Érica? Achava que já havia decido, mas nos braços dela já não tinha mais certeza. Uma jovem mãe passeava tranquila com seu filho no carrinho, ela, certamente, não se preocupava com as dores da separação.

Patrícia empurrava o carinho com vigor enquanto o pequeno Lucas curtia o passeio. Na sua cabeça um turbilhão de emoções conflitantes. Ser mãe era um sonho realizado e o Lukinha uma dádiva, depois de tantas tentativas frustradas. Mas, sabia do preço disso para a sua carreira, ainda que fosse uma comparação injusta. Em quinze dias voltaria ao trabalho e o simples pensamento de deixar o filho em casa já provocava um frio na espinha. Será que ainda teria a mesma força para lutar pelos seus objetivos profissionais? Sentiu-se cansada. O senhor que passeava na direção oposta com seu cachorro sorria. Talvez seja isso, talvez só a aposentadoria nos traga descanso e realização.

Ninguém mais escuta os velhos, disso Edegar tinha certeza. Ou melhor, "Seu Edegar", como o pessoal do prédio costumava o chamar. Respeito, só tinha mesmo do Bidu, seu schnauzer, companheiro inseparável. A aposentadoria precoce do serviço público, promessa de descanso ainda jovem, havia se transformado em uma maldição. Sentia-se castrado, diminuído de seu poder e potencial. Uma verdadeira lástima, pois tinha tanto potencial. Mas agora ninguém contrataria um velho, ninguém em sã consciência. Jogava suas fichas na eleição para síndico, sua última chance de tornar-se útil para sociedade. Avistou em sua direção um homem que corria vigorosamente. Saudades dos meus trinta anos, nessa idade não havia problema que não pudesse ser superado.

[]s
Jack DelaVega

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Steve Jobs Clever Cartoons










quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Causos de Steve Jobs

“Ao perceber que o lixo não havia sido tirado da minha sala fui reclamar ao faxineiro. A resposta que recebi foi de que haviam trocado a fechadura e ele não tinha a nova chave. Essa desculpa é até aceitável, quando vinda de alguém que limpa lixeiras para viver. O faxineiro tem o direito de explicar-se quando alguma coisa não segue de acordo com o planejado, um CEO não tem. Em algum lugar, entre a posição de faxineiro e a de CEO os motivos deixam de ser importantes, e você acabou de cruzar essa linha quando tornou-se um VP. As razões para falha deixaram de importar agora.”
 
Esse é o discurso que Steven Jobs fazia sempre que promovia alguém a VP. Accountability, uma palavra de difícil solução para o português, é certamente é um dos pilares da cultura corporativa da Apple. Mais fácil é traduzir uma sigla frequentemente utilizada na empresa: DRI - Direct Responsible Individual. Ou seja, todo projeto, iniciativa, atividade dentro da companhia tem um único indivíduo responsável.
 
Perfeccionismo é outra característica fortemente associada a Steve Jobs, fato que claramente se reflete nos produtos da Apple. Reza a lenda que em uma manhã de domingo de Janeiro 2008 Jobs ligou para o VP de Engenharia do Google e disse mais ou menos o seguinte:
 
“Temos um assunto urgente que tem que ser tratado imediatamente. Eu já aloquei uma pessoa da minha equipe para tratar disso e espero que possamos corrigi-lo amanhã cedo. Eu estava olhando o logotipo do Google no iPhone e não estou satisfeito com o ícone. O segundo “o” de “Google” não tem o gradiente certo de amarelo, está errado! Eu preciso que isso seja resolvido até amanhã, ok?”
 
Outra história pitoresca, no início da Apple Jobs exigia que quando seus funcionários viajassem a trabalho ficassem em quartos duplos de hotel, ou seja, dois funcionários no mesmo quarto. Mas isso não era uma medida para redução de custos, o que Jobs queria evitar era o relacionamento entre funcionários da empresa, dificultando que alguém levasse um colega para o quarto. Segundo ele, aos funcionários da Apple só era permitida uma paixão dentro na empresa, nesse caso a própria Apple.
 
Paixão, Perfeccionismo e Accountability são palavras que sintetizam o estilo de gestão da Apple. De todas contribuições de Jobs para a indústria, seja ela de tecnologia ou do entretenimento, a cultura corporativa criada por ele é certamente uma das mais importantes e que a frequentemente passa desapercebida. Empresas de sucesso normalmente tem o DNA de seus criadores. A pergunta do milhão, porém, para a Apple é a seguinte:
“Por quanto tempo esse DNA ficará presente depois da partida de Jobs?”
 
[]s
Jack DelaVega

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Especial Steve Jobs

Pessoal:

Não foram poucas as vezes que mencionamos Steve Jobs aqui na Tribo do Mouse, e certamente ele vai continuar sendo mencionado aqui por muito tempo. Esse artigo compila alguns textos e podcasts nos quais falamos sobre o gênio da Apple.

Raio-X da Tribo - Steve Jobs: Análise do Dr. Zambol sobre o CEO da década ressaltando as lições aprendidas com o mestre.

Síndrome de Steve Jobs: Crítica de DelaVega ao estilo de gestão de Jobs, e um aviso aqueles que buscam imitá-lo.

- Tribuna da Tribo (Podcast): Análise sobre a sobre a nomeação de CEO da década recebida por Steve Jobs


- Tribuna da Tribo (Podcast): Review do livro "The Second Coming of Steve Jobs", uma biografia não autorizada que conta a história do retorno à Apple e o sucesso com a Pixar.

Para quem quer saber mais sobre Steve Jobs enquanto a biografia oficial não é lançada:
Jack DelaVega

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Sete Passos para o Fracasso


São sete atitudes fáceis, que todos nós praticamos vez por outra. Siga essa lista e eu lhe garanto: Você vai obter o fracasso antes mesmo do que você imagina!

- Contente-se com o “Mais ou Menos”: Volta e meia nos encontramos aquele amigo ou colega de longa data ao qual perguntamos como vão as coisas e a resposta é: “Mais ou Menos”. Não seja essa pessoa! Ao contentar-se com o “Mais ou Menos” você deixa, na maioria das vezes, de buscar o bom, que dirá o ótimo.

- Ignore seus Valores: É uma opção realmente tentadora. Abandonar a ética em prol do “jeitinho”, deixar de fazer o que se acredita por mais grana no final do mês, abandonar um sonho antigo por conta de uma expetativa que os outros têm de nós. E, quando menos nos damos conta, deixamos de fazer a coisa certa para fazer a coisa fácil.

- Arranje Desculpa para Tudo: Esse é um padrão recorrente de todos os fracassados, todos têm desculpa para a sua situação, normalmente, bem elaborada: Ah, sou assim por culpa dos meus pais, esse governo que não ajuda, o clima ano passado não foi favorável. Incrível, não? O problema é sempre o outro, e como é do outro, não há nada que possamos fazer a respeito.

- Comemore as derrotas alheias: Esse é, provavelmente, o degrau mais fundo na escada do fracasso. Preste atenção especial a ele. É um indicativo que algo não vai bem com a sua vida, que estamos focando nas coisas erradas. Comemorar as derrotas dos outros é um sinal claro de que deixamos de vencer ou, pior ainda, que vencer já não importa mais.

- Esqueça as suas Paixões: O que você gosta de fazer? O que realmente lhe dá prazer? Pessoas bem-sucedidas são justamente aquelas que perseguem seus sonhos até transformá-los em realidade. E não estou falando apenas no sentido profissional, nossos sonhos são o que nos definem como pessoas, nossas vitórias só fazem sentido quando alinhadas a eles. Você pode até vencer, mas, se deixar de buscar seus sonhos, que valor isso tem?

- Reclame, Reclame e Reclame: Reclame de tudo, reclame bastante. Reclame das coisas boas, que já não parecem tão boas, e das ruins também, que agora são piores do que nunca. Reclame até afastar de você os amigos e pessoas queridas, que não aguentam mais ficar perto de um sujeito que só reclama da vida. Ah, e não se esqueça de arranjar uma boa desculpa também.

- Desista na Primeira Derrota: O mito do talento nato não passa de cascata, de mito mesmo. Acreditar em um caminho fácil para o sucesso é exatamente o que vai colocar você mais longe dele. O sucesso deve ser conquistado, uma vitória de cada vez, e para cada uma delas, contabilize pelo menos dez derrotas. Como diria o meu amigo Reggie: “Não estamos falando de uma corrida de cem metros rasos, isso é uma maratona.”

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A América perdeu a Graça


Estou essa semana nos Estados Unidos, é a minha primeira vez de volta à terra do Tio Sam depois de 2008. Antes disso morei dois anos por aqui, no estado do Texas, uma espécie de Rio Grande do Sul americano.

Encontro um país em certos aspectos bastante diferente do que deixei há três anos, saí um pouco antes da crise chegar com força, crise da qual os americanos ainda não se recuperaram completamente. A grande diferença, porém, diz respeito aos meus hábitos de consumo. Um dos meus grandes prazeres na América era visitar livrarias e comic stores. Hoje, ao passar por um shopping, vejo uma loja da Borders fazendo uma queima de estoque depois de decretar a recente falência. O fato é que os meios digitais acabaram com esse prazer, atualmente compro tudo na Amazon e segundos depois tenho os livros no Kindle. O mesmo vale para as histórias em quadrinhos, cujas versões digitais já superam o papel.

Ainda bem que ainda existe o cinema, outra das minhas paixões. Até a pipoca costumava ter um gosto diferente nas salas daqui, mas o que chamava a atenção mesmo era a possibilidade de assistir filmes que levariam meses para chegar ao Brasil. Hoje, porém, eles chegam às vezes primeiro por lá. O mesmo vale para a televisão, os seriados agora são lançados simultaneamente, e para os que não são, existem os torrentes e meios menos legais. A última grande vantagem dos Estados Unidos nessa área, a Netflix, foi lançada no Brasil duas algumas semanas atrás.

Nas ruas vejo os mesmos carros do Brasil, Hundai, Ford, GM e Toyota lançam seus carros globais nos dois mercados. Tudo bem, eles são bem mais baratos aqui, isso não podemos negar. E as coisas que só estão disponíveis por aqui? A Amazon, por exemplo? Boas notícias para os consumistas de plantão, a maior loja online do planeta tem a operação planejada para o no começo do próximo ano.

E o mercado de trabalho? Apesar de estar se recuperando da recessão, o mercado americano ainda caminha a passos lentos, principalmente quando comparado ao brasileiro. Algumas áreas, como a de tecnologia, estão aquecidas, mas no geral o quadro não é bom. Talvez aqui a grande mensagem seja: Você ainda pode ter uma grande carreira trabalhando nos Estados Unidos, mas isso também é possível no Brasil.
Claro que existem passeios muito legais por aqui, os parques de diversão da América continuam imbatíveis. Mas aí tenho um problema pessoal, isso perdeu a graça quando não estou com os meus pequeninos, o que não foi o caso dessa vez. Sobrou mesmo a comida, e come-se muito bem na América, ainda mais para um sujeito que adora hambúrgueres e pizza. 
Não me entendam mal, não estou desmerecendo a América, os Estados Unidos ainda são a maior nação do planeta, possuem grandes universidades e produzem grande parte da propriedade intelectual, tecnologia e entretenimento da face da terra. Eles só perderam um pouco a graça, ou será que, na verdade, foi o Brasil que ficou mais interessante?

[]s
Jack DelaVega

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Gerência de Cagaço


Enquanto esperava o voo, Nicolas tentava relaxar no saguão do aeroporto, na esperança de esquecer o momento que passava na empresa. Foi quando se deu conta da pitoresca figura sentada a seu lado. O sujeito, “fantasiado de gaúcho”, vestia bota, bombacha e chapéu, completava o quadro o lenço vermelho no pescoço e a boleadeira na cintura. Como ele conseguiu passar com a boleadeira pela segurança? Isso não era considerado arma branca? Destoava do cenário campeiro o iPad, no qual o gaúcho divertia-se com as notícias diário digital oBairrista.com. Nicolas reconheceu de imediato a figura, estava ao lado do maior consultor de gestão de projetos do Brasil, e muito provavelmente do mundo, Erci Gomes, o mítico Pampeador de Projetos.

Logo em um dia como hoje, isso só pode ser intervenção divina, pensou. Tomou coragem e abordou o ídolo:
- O Senhor me desculpe a intromissão, mas sou seu fã, já assisti várias das suas palestras e comprei todos os livros.
O Pampeador virou sorrindo:
- Mas muito bom saber, tu sabe que tenho uma tropa de mandinho pra alimentar em casa.
Incentivado pela recepção positiva, Nicolas continuou:
- Também sou gerente de projetos. Iniciante, nem de longe tenho a experiência do senhor. Estou passando por uns problemas no trabalho, o senhor se importa de bater um papo a respeito?
- Primeiro que o Senhor é aquele véinho sentado lá no céu de barba branca. E nada melhor do que uma boa prosa para passar o tempo. Estrebucha vivente, o que te aflige?
- A situação é a seguinte: Me ofereceram um projeto novo na empresa, é um produto com alta visibilidade e muito importante para o negócio. O problema é que o cronograma é bem apertado e a equipe é nova, tenho receio de aceitar o desafio mas não conseguir entregar o esperado.
- Ah, mas esse problema é teu e de toda a torcida do Colorado. Deixa eu te perguntar uma cousa: Tu sabe quais são as duas coisas que um grande gerente de projeto tem que os outros não tem?
- Não.
- A bola direita e a bola esquerda.
- Como?
- Desculpe o termo, mas como nós falamos lá no sul, um bom gestor tem que ter culhões. Assumir riscos faz parte do batente, e quem não faz certamente está na profissão errada. Digo isso com orgulho: No nosso ramo, cagalhão não vai longe.
Erci continuou:
- Mas, lembra: Assumir riscos é só a premissa. Um bom GêPê tem que gerenciar o risco, trazer ele no cabresto que nem cavalo chucro. Não pode tirar o olho dele nem quando vai dormir. E sempre ter um plano B, gerente preparado vale por dois.
- Puxa Pampeador, show de bola! Essa era a dica que eu estava precisando, agora já sei o que fazer. Acho que é o nosso voo que estão chamando, vamos embarcar?
Mas a cara do gaúcho havia mudado, como a de um homem enfrentando o corredor da morte.
- Não acredito Pampeador, medo de avião?
- Se tu contar pra alguém eu te esgoelo! Se deus quisesse que Gaudério voasse, cavalo tinha nascido com asa.

[]s
Jack DelaVega

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vendedores, esses Vendedores


A equipe estranhou quando Danilo chegou ao escritório com cara fechada e foi direto para sua sala. Conhecido pelo sorriso largo e descontração, Danilo era um diretor comercial de uma empresa de serviços gráficos, tinha um talento único de tornar o estressante trabalho da equipe de vendas um pouco mais leve. Estranhamente seco naquele início de tarde, ele mandou chamar um de seus gerentes. Ao encontrar o chefe com a cara fechada Rogério sabia que não podia ser coisa boa:
- Preciso falar com o Pacheco e o Sinval.
- Sem problema, vou chamá-los agora mesmo. Você pode me adiantar sobre o que se trata?
- Não, só preciso desses dois vendedores aqui imediatamente.

Rogério não os encontrou no escritório e começou tentar os celulares. Para seu desespero as chamadas só caíam na caixa postal. Retornou ao chefe:
- Estou tentando os celulares dos dois, mas só recebo caixa postal.
- Descobre onde eles estão o mais rápido possível e me avisa, é importante Rogério.

Ele seguiu tentando sem sucesso: 14:30, 15:00, 15:30, 15:45, 16:00. Às 16:15 Sinval finalmente atendeu à chamada:
- Onde é que você está rapaz?
- Opa chefe, estávamos eu e o Pacheco em uma visita à cliente, a recepção do celular não é muito boa por lá.
- Vem pra cá agora cara, o Diretor está louco atrás de vocês dois.
Sinval desligou o aparelho nervoso, olhou para o colega e comentou resignado:
- Deu merda!

Tentaram entrar sem chamar a atenção, mas a notícia já havia se espalhado. Foram direto para a sala do Diretor, que disparou com cara de poucos amigos:
- Fechem a porta. Onde vocês estavam?
Sinval foi o primeiro a falar:
- Em uma visita à cliente.
- Visita à cliente...
Falou o diretor, mostrando aquela calma que antecede o esporro.
- Pois eu estava voltando para o trabalho depois do almoço e vi o carro da firma estacionado em frente à uma “Sauna”, conhecida pela qualidade dos serviços prestados.
Nessa hora os dois baixaram a cabeça, esperando a demissão iminente.
- Mas, como eu tenho muita confiança e orgulho da minha equipe de vendas, tenho certeza de que vocês estavam lá a trabalho. Sendo assim, vocês tem até sexta-feira para apresentar o pedido. E, pelo tempo que vocês passaram com o cliente, espero que tenham fechado um grande negócio.

Pacheco e Sinval não foram demitidos, mas marcharam com uma bela nota, praticamente toda a comissão do trimestre. A Sauna ganhou a renovação de todo o seu material gráfico, comandas, cardápios e folders de divulgação. E o diretor, bom, o bem-humorado diretor deu muita risada com a cara dos dois.

[]s
Jack DelaVega

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Conversa com DelaVega - Salário

Pessoal:

Esse é o podcast da semana com dicas de carreira feito em parceria com o pessoal do Baguete. Nesse mini-episódio eu explico a diferença entre qualificação e entrega de valor à empresa, e como isso está relacionado com salário.


[]s

Jack DelaVega

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Para que você é pago afinal?


Aquele foi um dos maiores projetos que eu gerenciei, cronograma apertado, escopo crescendo e uma equipe recém-formada, trabalhando junto pela primeira vez. Para completar, eu ainda era verde como Gerente de Projetos, conhecia a técnica, achava que tinha a “mãnha”, mas de fato me faltava a prática.

Foi quando me ofereceram um grupo de consultores que chegavam para trabalhar a peso de ouro. Profissionais altamente qualificados, certificados, o escambau, o tipo de recurso que qualquer Gerente de Projetos gostaria de ter a sua disposição.

Aguinaldo era um carioca, programador que havia recém se mudado para o Sul, em parte buscando oportunidades, em parte encantado pelas beldades locais. Trabalhava bem, mas nada que saltasse aos olhos. Na volta do feriado de ano novo, porém, o sujeito não apareceu. Acionei a consultoria, mas ninguém sabia dele. Foi dar as caras só dois dias depois, com a desculpa de que ficou preso no engarrafamento e o carro havia estragado na estrada em Santa Catarina.

O primeiro sinal deveria ter sido o bastante, deveria ser o suficiente para solicitar a troca de recurso, mas eu era jovem acreditava mais nas pessoas. Todos têm, afinal, direito a um erro. Acabei relevando. Decisão errada. Três semanas depois, com o projeto a todo vapor, o evento voltou a acontecer. Nada do cara em uma segunda-feira. No final da tarde conseguimos contato telefônico para ouvir uma história sem pé nem cabeça: A namorada havia saído de casa e o trancado dentro, ele tinha ficado preso sem conseguir sair.

Eu já sabia o que precisava fazer, só me faltava a coragem para fazê-lo. Fiquei racionalizando, analisando minhas opções por alguns dias, procrastinando a ação. Foi quando o líder técnico me procurou com uma preocupação que beirava a indignação:
- Jack, estamos até as orelhas de trabalho e o cara não aparece para trabalhar!
E completou com uma pérola que eu me lembro até hoje:
- Ou esse sujeito é um mentiroso, e por isso não serve para trabalhar conosco, ou ele é muito azarado, e também não serve, pois vai nos afundar junto com ele.

Minutos depois eu faria a primeira demissão da minha carreira, em frente a uma pessoa que implorava, já com os olhos rasos d’agua, por mais uma chance.

Tirei algumas lições dessa história. Primeiro, somos pagos justamente para tomar decisões difíceis, fazer o que é certo normalmente não é o mesmo que fazer o que é fácil. Mas, mais importante, quando o líder não assume o seu papel, fazendo o que deve ser feito, ele compromete severamente sua capacidade de atuação. É para isso que somos pagos, para isso que estamos aqui.

[]s
Jack DelaVega.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Bicicleta

A bicicleta era grande, talvez não fosse, talvez fosse apenas a minha pequenez diante dela.
- Não consigo, é muito grande pai.
Ele sorriu e disse:
- Claro que consegue rapaz! Sobe aí que eu te seguro.
Meio a contragosto eu subi na bicicleta. Os pés mal tocavam os pedais e ficavam imensamente longe do chão.
- Agora pedala que eu seguro.
- Não larga pai, não larga.
Eu pedalei o mais forte que pude, subindo a rua quase que a jato. Ainda lembro exatamente da sensação do vento batendo no rosto, do sentimento de liberdade me acometendo pela primeira vez.  
- Não larga pai, não larga.
Ao olhar para trás constatei, apavorado, que o velho tinha ficado a metros de distância.
- Pedala cara, pedala que agora é contigo.
Segui por mais alguns metros mas o medo de não saber como parar foi mais forte. Acabei deixando a bicicleta parar e caindo quase sem dano.

Nos últimos tempos essa história me vem à cabeça com frequência. Meu pequeno está com três anos, quase quatro, e ouço dele bastante as mesmas palavras:
- Não consigo pai, sou pequeno.
Eu seguro a mão dele e repito as palavras que ouvia do meu pai:
- Claro que consegue rapaz! Sobe aí que eu te seguro.
E ele segue, meio a contragosto, mas segue corajoso.

Percebi, que ao longo da vida esquecemos a diferença que essa “mão segura” faz. É muito mais fácil arriscar, superar os limites, fazer coisas novas com uma pessoa provendo suporte e segurança ao lado. Grandes líderes fazem isso de maneira natural, com a mesma generosidade que os pais tem com seus filhos. Abençoados são aqueles que tiveram um pai ou alguém assim, felizes são os que ainda tem.

[]s
Jack DelaVega

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Conversa com Jack Delavega - SOS Estagiário

Pessoal:

Esse é o primeiro post de uma série de áudio-dicas que eu montei com a turma do Baguete. O episódio de hoje tem dicas para um estagiário em apuros.



[]s
Jack DelaVega

sábado, 9 de julho de 2011

Sonhos, Desejos e Reclamação

Pessoal,

Achei esse vídeo sensacional e tem tudo a ver com os valores que falamos aqui na Tribo do Mouse. São 11 minutos, mas vale muito a pena.




Dr. Zambol
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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Esqueça o que te disseram


- Só trabalho duro não ganha jogo: Isso é o esperado de todos. Comprometimento, dedicação é premissa. Fazer “algo mais” significa fazer algo diferente e não simplesmente fazer mais do mesmo.

- Você é dono da sua carreira: Não é seu chefe, não é a sua empresa, não é seu pai. Descubra aonde quer chegar, trace um plano e arregace as mangas.

- Esteja preparado sempre: Oportunidades só aparecem para os que estão preparados. Ponto.

- Empresas não são instituições filantrópicas: Pense! Por que alguém vai pagar mais para você fazer a mesma coisa? Você vale o valor que entrega para empresa, lembre-se disso ao tomar qualquer decisão relacionada a carreira.

- Desafie o Status Quo: Questione, questione e questione. Não aceite respostas do tipo: “Já fazemos assim faz tempo” ou “Ah, essa empresa nunca vai mudar”.

- Descubra o que realmente gosta de fazer e arranje um jeito de ganhar dinheiro com isso: Essa frase, dita na década de trinta por Mae West, atriz americana famosa por suas citações, nunca fez tanto sentido.

- Assuma Riscos: Em um ambiente de alta performance, onde todos são extremamente qualificados e dispostos a fazer o melhor, capacidade de assumir riscos pode ser um grande diferencial na sua carreira.

- Não se leve tanto a sério: Ria de si mesmo, e um pouco de humildade nunca fez mal a ninguém.

- Viva seus sonhos: Sua carreira é uma ferramenta, um caminho para realização dos seus sonhos, e a empresa ou empreendimento para o qual trabalha, apenas parte disso.

[]s
Juarez Poletto

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Onde estão os High Potentials?

Considerando que a Geração Y representa uma pequena parte elitizada de jovens que nasceram entre os anos 80 e 90, e que High Potential é uma parte menor ainda dentro dessa parcela de jovens, semelhantes por seu brilhantismo, proatividade e ambição acima da média, comecei a perceber o quão raro é encontrar uma jóia dessas no mercado.
Toda essa reflexão iniciou após a leitura do livro Outliers: The Story of Success, do autor Malcolm Gladwell, e o qual recomendo a todos os leitores. Trata-se de um livro sobre pessoas “fora de série”, que são ou foram excepcionais em suas profissões, com exemplos de sucesso como o de Bill Gates, Steve Jobs e até mesmo os Beatles.
O mais interessante no livro é a forma como o autor aborda cada caso mostrando os demais fatores externos, além do talento, que estavam diretamente ligados àquele sucesso, como preparação, oportunidade e ambiente cultural.
Percebemos então que um High Potential nunca será reconhecido como tal sem pelo menos um desses fatores externos. Ninguém chega ao topo sozinho. Prodígios não nascem sabendo que são assim. Sucesso também tem a ver com autoconfiança e isso só se consegue quando se tem parâmetro e feedback.
Com isso, damos um passo atrás, pois a questão principal deixa de ser a escassez de jovens altamente qualificados (que tanto se fala por aí) para se tornar a forma com que as empresas e líderes estão utilizando para identificá-los e desenvolvê-los.
A estagiária do departamento financeiro só saberá que tem grandes chances de virar uma estilista de sucesso quando alguém desse meio visualizar seu potencial e disser isso a ela. Caso contrário, a coitada passará a vida toda achando que os croquis que ela desenha no caderno não passam de rabiscos e que seu gosto por moda nada mais é do que um hobbie.
Lógico que também existe o outro lado da história e digamos que o chefe da tal estagiária não tem bola de cristal para adivinhar que sua funcionária não está tendo uma boa performance por causa do pai que a obrigou fazer faculdade de Economia, resultando nesta sucessão de erros.
Mesmo assim, arrisco dizer que existe uma centena de High Potentials por ai que ainda não foram avisados sobre isso e uma outra centena de líderes que não os encontraram, talvez até estejam investindo nas pessoas erradas.
Sem dúvida alguma não é um trabalho fácil. Precisa haver uma grande sintonia entre preparação e feeling do líder neste assunto, a curiosidade do liderado para não criar tantos impedimentos na hora de arriscar, e não menos importante, o voto de confiança da empresa para investir no potencial de seus funcionários e acreditar que, no futuro, alguns deles poderão alcançar o mais alto patamar de um Outlier.
Beatriz Carvalho