terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sucesso, Fracasso e as Crises de Carreira

O vídeo de hoje é uma palestra de Alain de Botton para o TED. Alain é um escritor, filósofo e empreendedor suíço. Ele fala no vídeo a seguir sobre por que muitos de nós enfrentamos crises durante nossas carreiras - um assunto que de uma maneira ou de outra tratamos frequentemente aqui na Tribo.

Alain reflete brevemente sobre algumas das razões pelas quais enfrentamos essas crises. Não é nada exatamente novo, mas é sempre bom escutar alguém transpor sentimentos e situações complexas em palavras simples.

Entre as razões para as tais crises de carreira, Alain sugere que nós vivemos em uma sociedade de esnobes, como nunca antes. Um esnobe é alguém que pega uma pequena parte de você e usa aquilo para formar uma visão completa de quem você é. Ele defende que vivemos em um mundo de esnobes particularmente na nossa vida profissional. A famosa pergunta "o que você faz" é usada nas mais diversas situações, mas experimente pensar sobre a reação das pessoas à resposta. Uma resposta como "sou um médico", ou "trabalho como advogado" vai gerar reações completamente diversas de respostas como "sou jogador de futebol", ou mesmo "sou servidor público municipal". A nossa sociedade realmente está cercada de esnobes, quem de nós nunca usou o título de uma pessoa para definir o seu valor que atire a primeira pedra. A idéia defendida por Alain é exatamente que esse tipo de sociedade nos faz muito mais preocupados com nossos títulos e postos do que deveríamos ser.

Outro ponto interessante levantado por Alain é que dois aspectos aparentemente positivos da sociedade atual acabam trazendo um impacto negativo em nossa vida profissional. O primeiro aspecto é a idéia que temos hoje em dia de que qualquer pessoa pode alcançar qualquer coisa - uma idéia bonita. Somos ensinados que qualquer um pode ascender a qualquer posição social. Talento, energia, e habilidades suficientes seriam capazes de levar qualquer um ao topo. O outro aspecto é o espírito de igualdade: somos todos iguais, com os mesmos direitos e deveres. Todos usamos jeans, consumimos a mesma mídia, queremos as mesmas coisas. Esses dois aspectos trazem alguns problemas, no entanto. O primeiro deles é que na realidade não somos todos iguais, somos bem diferentes. Mas como todos se sentem iguais, ao não atingir as mesmas posições que o fulano ao lado, vem a inveja. Nunca antes vivemos em uma sociedade tão invejosa como a de hoje, exatamente porque todos se sentem iguais e aspiram coisas semelhantes. Quem nunca desqualificou um colega ou amigo que ocupa uma posição profissional superior apenas por inveja que atire outra pedra.

O outro problema é um reflexo do caráter meritocrático da nossa sociedade, que vem da idéia de que não só qualquer um pode alcançar qualquer coisa, mas que é direito de quem merece alcançar posições mais altas na sociedade. O problema com isso é que o fracasso passa a ser merecido também. Em uma sociedade meritocrática, aqueles que conquistaram o sucesso o fizeram por merecimento, mas quem está no fundo do poço também está lá por merecimento. Na idade média, na Europa, muitas vezes uma pessoa pobre era referida como infeliz. Ou seja, alguém que não havia sido abençoado com sorte ou felicidade. Hoje em dia, é comum, principalmente nos Estados Unidos, uma pessoa na base da pirâmide social ser chamada de 'loser' (perdedor). Existe uma diferença grande entre um infeliz e um perdedor, mas isso mostra os 500 anos de evolução que tivemos na sociedade, e como hoje se entende de quem é a responsabilidade por nossas vidas. Em outras palavras, a sua posição na vida não acontece por acidente, mas por mérito e merecimento. O fracasso dentro nesse contexto tem um impacto muito maior.

A segunda parte dessa fantástica mensagem de Alain de Botton passa algumas idéias de conforto para que possamos conviver melhor com os aspectos citados acima na nossa vida profissional. Mas esses eu deixo para vocês assistirem e tomarem as suas próprias conclusões.

Espero que gostem.



Abraço,
Reggie, the Engineer (João Reginatto).
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