segunda-feira, 2 de março de 2009

Procura-se Mulheres

Ontem à noite eu dirigi da costa oeste da Irlanda até Dublin, 4 horas de estrada reta e monótona. Vinha dirigindo e alternando entre as rádios - até que sintonizei em um programa onde estava rolando um debate interessante, analisando o atual cenário econômico sob o ponto de vista ético.

Os participantes estavam debatendo os vários acontecimentos lamentáveis (eticamente falando) que vêm se sucedendo no sistema financeiro - na Irlanda e no mundo. Coisas como banqueiros usando dinheiro de 'bailout' para pagar bônus, bancos maquiando resultados financeitos para poderem ser nacionalizados, coisa e tal. Em determinado ponto, uma das participantes disparou:

- Se tivéssemos mais mulheres nessas posições-chave das organizações em questão, talvez não tivéssemos tantos problemas assim.

Muito embora essa seja uma questão altamente discutível, existem muitos pesquisadores importantes, e um relativo suporte filosófico, indicando que as mulheres poderiam se comportar melhor frente a situações que requerem julgamentos morais ou éticos. Freud explica. Segundo algumas teorias, a base de nossa personalidade é formada ainda quando somos crianças. As diferenças de personalidade entre meninos e meninas começam a se estabelecer nas brincadeiras. Se você pensar bem, as brincadeiras de meninos estão normalmente baseadas em regras, no respeito a essas, na justiça, etc. Já as brincadeiras de meninas tem normalmente a ver com inclusão e não se machucar. Pesquisadores então acreditam que essa diferença na formação da personalidade faz com que as mulheres tragam para o ambiente de trabalho valores morais e éticos diferentes dos homens (e potencialmente mais 'elevados').

Não sei ao certo se eu acredito nisso ou não. Depois de tudo o que já vivi, acho que o ambiente de trabalho e comunidades profissionais como as que vivenciamos podem ser capazes de 'entortar' muita gente boa por aí. Mas confesso que a idéia soa bem para mim. Empiricamente, quando eu penso em corrupção, falta de ética, imoralidade, me vem naturalmente uma figura masculina na lembrança. Fica difícil recordar uma mulher envolvida centralmente em algum grande escândalo. Alguns dirão que é culpa da amostragem - afinal os homens são maioria nesse mundo. Bom, nem tanto, pelo menos hoje em dia. Para ficar com os números americanos, as mulheres já são 47% da força de trabalho, ocupando 50% das posições gerenciais intermediárias e 15% das posições de liderança das 500 maiores empresas (Fortune).

Aproveitando que no próximo dia 8 de março é Dia Internacional da Mulher, quero mais é que elas nos ajudem a sair desse brete em que nos metemos. Que venham as mulheres.

Reggie, the Engineer.
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