sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Executivo

Esses dias, em uma conferência numa cidadezinha perto de Londres, estive há 4 metros de um grande executivo. Já havia o escutado diversas vezes em vídeos da Internet ou pela TV, mas nunca estivera tão perto...

Sabendo que o “salário” dele girava em torno dos 10 a 15 milhões de dólares anuais, fiquei pensando o que seria necessário para ser aquele executivo e como ele havia chegado lá. Estaria eu andando lento com minha carreira já que ainda estou a milhares de quilômetros de uma posição parecida? Quais as chances de conseguir isso? Gostaria eu de estar lá?

Vou começar pela última pergunta, pois me parece a mais fácil de ser respondida.

Muitas pessoas, talvez para se contentarem com a posição que hoje ocupam, preferem minimalizar e dizer coisas como “essas pessoas são muito estressadas”, “elas têm muita responsabilidade e isso as torna infelizes”, “elas ganham tanto dinheiro que esquecem a família e os amigos” ou “elas não dormem direito”.

Para mim, independentemente das frases acima conterem alguns valores dignos de consideração, é uma análise muito superficial para qualquer tomada de decisão. Ora, qualquer um de nós possui responsabilidades diárias. Quem já chegou a líder de time, gerente ou diretor, sabe que a sua cabeça está a perigo e que os seus próprios atos definirão o seu futuro. Se você tomar uma decisão errada e deixar uma área inteira de uma fábrica parada, você sofrerá as conseqüências cabíveis por aquela decisão equivocada. Depois de alcançar um certo nível de responsabilidade, essa verdade se torna muito marcante e presente no dia-a-dia. Se você for capaz de executar aquela função bem, não vejo nenhum problema.

Quanto a trabalhar demais na posição de executivo, não sejamos ingênuos. Conheço alguns garçons que trabalham dia-e-noite incansavelmente, provavelmente muito mais horas do que eu. Também conheço bons programadores que certamente trabalham mais do que aquele executivo. Não é a posição que define o quanto você irá trabalhar ou se estressar, mas a empresa, a forma que você encara o trabalho e a vida, e o quão preparado você já está para desempenhar aquela posição.

Pensando nesses termos, minha resposta é: sim, quero ser aquele executivo, pois me considero capaz de fazer mais coisas do que faço hoje e embora saiba que terei mais responsabilidades, sei que vou ter mais pessoas me apoiando para que as coisas aconteçam. Talvez não aceitasse essa posição hoje, pois teria que trabalhar 18 horas por dia para entender as coisas que não estou acostumado a fazer hoje, e mesmo assim talvez tomasse decisões erradas que poderiam levar à minha demissão. Talvez tenha que subir ainda um nível político para estar preparado para tal desafio, mas certamente quero chegar lá.

Virando o pensamento para saber se estou parado na carreira porque estou a milhares de quilômetros de distância dele, alguns pontos são dignos de consideração. Algumas dessas carreiras de super-executivos começam cedo, depois de saírem de faculdades bastante conhecidas e de terem uma carreira brilhante no início, logo estão alocados como diretores. Se pegam uma empresa que está crescendo bastante, mais rápido então conseguem crescer. No fim, como tudo na vida, é uma questão de oportunidade: oportunidade de ter nascido numa família com dinheiro o bastante para bancar os estudos em universidades famosas (ou conseguir uma das poucas e concorridas bolsas de estudos), oportunidade de estar em um mercado que cresce rápido, etc.

Ora, a análise deve levar em conta todo o contexto da minha vida até agora e, honestamente, considerando a minha idade, o local onde nasci, as oportunidades que tive até agora e as escolhas que fiz em minha vida, estou tranqüilo em dizer que não estou muito atrás da minha expectativa. Sim, gostaria de estar um nível acima do que estou agora, mas o mais importante é que já estou trabalhando para isso e sei onde devo melhorar, o que fazer e quais meus timelines.

E você? Já fez a análise de onde você quer chegar, o que falta para alcancçar o próximo passo e a data limite para isso?

Afinal, isso é o que importa. Mortais só conseguem trilhar um passo de cada vez.

Dr. Zambol
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