sexta-feira, 23 de março de 2007

“It's not personal, Sonny. It's strictly business”

Vivemos num país incrível, tem uma velha piada que descreve bem do que me refiro.

O Brasil é o único país em que prostituta goza e cafetão tem ciúmes”.

Isso é algo faz parte do nosso DNA Cultural, é um pouco do que somos, e por mais estranho que possa parecer, é uma das coisas que nos difere do resto do mundo.

Aqui somos amigos das pessoas com as quais trabalhamos, nos Estados Unidos ou Europa a distinção é bem clara, Amigos amigos, negócios à parte.Tudo bem, concordo que somos superficiais também, temos centenas de amigos e poucos bons amigos, é só olhar o Orkut de cada um para constatar isso. De qualquer maneira carga emocional que trazemos para nossas relações profissionais é grande e tem um impacto tremendo no nosso modo de trabalho. Focando na relação gerente-subordinado ele é ainda mais evidenciado, ora, se sem emoção gerenciar não é uma tarefa trivial, com emoção então a coisa fica praticamente impossível.

Apenas para ilustrar, já me peguei em uma situação na qual estava empenhado em conseguir uma posição em outro time para uma pessoa que trabalhava comigo, porque tinha a plena convicção de que isso seria o melhor para a carreira dela. No entanto a percepção dessa pessoa foi de que “Eu não gostava de trabalhar com ela por isso estava querendo movê-la”.

Pois bem, então como separar a emoção na hora de tratar de negócios? Precisamos realmente fazer isso? Tenho colegas que costumam dizer que deixam o coração na recepção, como se efetivamente pudéssemos desligar nas nossas emoções e agir como autômatos. Por outro lado é fácil, muito fácil, cair nos estereótipos de amigão ou carrasco que normalmente são conseqüência do excesso de emoção.

Talvez a vida nos endureça, ainda que não acredite espero que a idade me ajude a lidar melhor com isso. Mas me pergunto como os médicos lidam com esse problema? Como separam o pessoal do profissional? Nunca cogitei fazer medicina por não suportar sangue, mas quanto sangue eu sou capaz de derramar como gerente? Se o “Caminho do Meio” é a opção correta preciso aprender como fazer isso. O fato é que não vou conseguir esgotar o assunto aqui, essa é só mais uma questão dentre as muitas que espero debater nesse espaço.

[]s

Jack DelaVega