Tudo começou com a popularização dos
telefones celulares. Claro que as pessoas já estavam acostumadas a levar
trabalho para casa antes disso, mas, com o celular ficou infinitamente mais
fácil que o trabalho as encontrasse depois do expediente. O próximo passo foram
os notebooks, completando o conceito que hoje chamamos de mobilidade. A partir
daí se tornou efetivamente possível trabalhar onde se quisesse, quando se
quisesse. Essa foi a queda da primeira grande barreira entre trabalho e vida
pessoal. Até aí nada de novo, o interessante, porém, foi o que veio a seguir.
Recobrando o espaço tomado pelo trabalho,
a vida pessoal começou a invadir o escritório. Primeiro foram as redes sociais,
rompendo as barreiras dos firewalls empresariais, deixando gerentes de
cabelo em pé com a perda de produtividade e possibilidade de vazamento de
informações confidenciais. Apesar do alarmismo, o mundo não acabou e as pessoas
continuaram produzindo. Mas nada prepararia as velhas empresas para o movimento
que viria a seguir: A Consumerização.
Agora, os funcionários, felizes por levar
seu trabalho para casa, pela conquista da jornada flexível e pelo movimento work anywhere, everywhere queriam levar
seus dispositivos queridos para dentro da empresa. Por que usar o velho e feio
Blackberry que a empresa me oferece se posso me conectar via meu iPhone 4s? E
se meu notebook pessoal é cinco vezes mais rápido do que eu tenho no
escritório, faz todo sentido que eu utilize ele para o trabalho também. Se por
um lado as empresas ganham, por deixaram de arcar com custos de hardware e
suporte para esses dispositivos, por outro, os departamentos de TI deixam de
dormir, pensando nos problemas de segurança causados por essa moda. Isso sem
contar o que o RH vai dizer quando ver o que a CLT fala sobre isso.
Meu propósito aqui não é fazer juízo de
valor, isso é uma simples constatação. Esse é um movimento sem volta, resistir
é inútil. E não se iluda de que isso é uma moda que não chega ao Brasil, pois
já chegou. A pergunta do milhão é: Como reagir ao fato?
Para as empresas, resolvidas as questões (nada
fáceis) de segurança e legislação, o cenário é extremamente positivo. Tais
práticas servirão como diferenciação para atração de talentos para aquelas que
souberem lidar com isso. Em pouco tempo a consumerização vai se tornar apenas
mais um dos benefícios não tangíveis que empresas oferecem as seus funcionários
e a vida segue até o próximo movimento de disruptura organizacional.
O desafio maior, porém, está do lado dos
trabalhadores. Com a barreira entre vida profissional e trabalho se tornando
cada dia mais difusa, torna-se complexa a separação entre um e outro. Como
lidar com o stress gerado por essa mistura? A resposta está justamente na
solução encontradas por todos profissionais fora de série: Buscar a mesma satisfação
no trabalho que você procura na vida pessoal. A única saída para o sucesso é, e
continua sendo, viver suas paixões em ambas as esferas.
[]s
Juarez Poletto