segunda-feira, 28 de maio de 2012

Consumerização e a Queda das Barreiras


Tudo começou com a popularização dos telefones celulares. Claro que as pessoas já estavam acostumadas a levar trabalho para casa antes disso, mas, com o celular ficou infinitamente mais fácil que o trabalho as encontrasse depois do expediente. O próximo passo foram os notebooks, completando o conceito que hoje chamamos de mobilidade. A partir daí se tornou efetivamente possível trabalhar onde se quisesse, quando se quisesse. Essa foi a queda da primeira grande barreira entre trabalho e vida pessoal. Até aí nada de novo, o interessante, porém, foi o que veio a seguir.

Recobrando o espaço tomado pelo trabalho, a vida pessoal começou a invadir o escritório. Primeiro foram as redes sociais, rompendo as barreiras dos firewalls empresariais, deixando gerentes de cabelo em pé com a perda de produtividade e possibilidade de vazamento de informações confidenciais. Apesar do alarmismo, o mundo não acabou e as pessoas continuaram produzindo. Mas nada prepararia as velhas empresas para o movimento que viria a seguir: A Consumerização.

Agora, os funcionários, felizes por levar seu trabalho para casa, pela conquista da jornada flexível e pelo movimento work anywhere, everywhere queriam levar seus dispositivos queridos para dentro da empresa. Por que usar o velho e feio Blackberry que a empresa me oferece se posso me conectar via meu iPhone 4s? E se meu notebook pessoal é cinco vezes mais rápido do que eu tenho no escritório, faz todo sentido que eu utilize ele para o trabalho também. Se por um lado as empresas ganham, por deixaram de arcar com custos de hardware e suporte para esses dispositivos, por outro, os departamentos de TI deixam de dormir, pensando nos problemas de segurança causados por essa moda. Isso sem contar o que o RH vai dizer quando ver o que a CLT fala sobre isso.

Meu propósito aqui não é fazer juízo de valor, isso é uma simples constatação. Esse é um movimento sem volta, resistir é inútil. E não se iluda de que isso é uma moda que não chega ao Brasil, pois já chegou. A pergunta do milhão é: Como reagir ao fato?

Para as empresas, resolvidas as questões (nada fáceis) de segurança e legislação, o cenário é extremamente positivo. Tais práticas servirão como diferenciação para atração de talentos para aquelas que souberem lidar com isso. Em pouco tempo a consumerização vai se tornar apenas mais um dos benefícios não tangíveis que empresas oferecem as seus funcionários e a vida segue até o próximo movimento de disruptura organizacional.

O desafio maior, porém, está do lado dos trabalhadores. Com a barreira entre vida profissional e trabalho se tornando cada dia mais difusa, torna-se complexa a separação entre um e outro. Como lidar com o stress gerado por essa mistura? A resposta está justamente na solução encontradas por todos profissionais fora de série: Buscar a mesma satisfação no trabalho que você procura na vida pessoal. A única saída para o sucesso é, e continua sendo, viver suas paixões em ambas as esferas.

[]s
Juarez Poletto