quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Pré-Ocupação

É época de natal. Inevitavelmente acabamos por fazer uma análise de como foram os últimos 365 dias: quais nossos sucessos e quais nossos fracassos. Infelizmente, a maioria das pessoas tende a focar mais nos fracassos - não porque são masoquistas, mas porque geralmente é aquilo que mais lhes marca.

No meu exercício pessoal, dei uma rápida olhada para esse ano e tive uma certeza mais clara do
que nunca: se eu não aproveitar o dia que estou vivendo - exatamente esse dia - preocupações e
planos que não deram certo acabam consumindo com a minha felicidade.

Por que tive essa certeza clara esse ano? Porque nunca tive tantas incertezas como nesse ano. A
maioria de cunho profissional: "muda aqui", "altera ali", "demite de lá", "quero três nomes",
"muda essa área", "não conta pro time", "teu chefe agora é esse", "não tenho culpa se o teu
diretor não faz nada, sou só um VP", "não posso", "não quero". Nossa...Mas quando a incerteza
tornou-se maior do que tudo, e que percebi que não teria controle algum sobre isso, foi que
consegui me reerguer. Lembrei das palavras de um dito apócrifo: "a preocupação é tão eficaz
quanto tentar resolver uma equação matemática mascando chiclete". Parece estranho na primeira vez que se ouve, mas preocupação nunca resolveu nada nesse mundo - ações sim.



Sei que o assunto é batido. Mas é incrível que você só se dá conta disso e aceita quando não tem controle nenhum da situação. Talvez o segredo seja esse - estar em um dos extremos: ou resolve logo tomando uma ação ou não se preocupa. Quem sabe?

O que quero para o ano que vem? Segue uma pequena listinha, aposto que é parecida com a sua:



* Paz (sim, inclui falta de preocupação)
* Saúde
* Segurança
* Amor
* Liberdade Editorial (hehehe, esse é de sacanagem pro Hugo Chavez, um ex-prestador de serviço de publicidade do site)

Na minha re-erguida, dei uma lida em meus mestres. E sabe o que encontrei? Uma preciosidade de Ernest Hemingway. Segue o trecho de sua autoria que tem tudo a ver com a idéia que quero passar nesse texto.

"Estou em situação que eu queria prolongar pela minha vida inteira. E há de ser assim, só que
minha vida inteira está resumida no agora. Não existe nada mais além do agora. Não há ontem, não há amanhã. Só há agora – e se o agora é de só dois dias, então, minha vida é de só dois dias e
tudo mais guardará a mesma proporção. E se esses dois dias forem uma grande vida, eu vivi uma grande vida, porque a extensão das grandes vidas não se mede com o metro dos anos, e sim com o da intensidade."

Desejo um bom natal e um ano novo repleto de alegria a todos, de coração.

Dr. Zambol
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