segunda-feira, 12 de março de 2012

Glauber Rocha, Steve Jobs e o Barcelona

Ouvi uma vez em uma entrevista, acho que foi com o Jorge Furtado, de que o principal culpado pela péssima qualidade das produções cinematográficas brasileiras durante as décadas de setenta e oitenta foi o Glauber Rocha.
Para quem não sabe, Glauber foi, talvez, o cineasta brasileiro de maior sucesso internacional. Um dos ícones do cinema novo, ganhou a Palma de Ouro em Cannes por Terra em Transe, além de ter dirigido outros grandes filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol.
Qual então o argumento do Furtado para tal afirmação? Explico: o problema gerado por Glauber Rocha, não foi exatamente culpa dele. Influenciados pela genialidade do diretor, uma nova geração de cineastas passou duas décadas tentando imitar o mestre. Gente, até talentosa, desperdiçava tempo e dinheiro buscando uma estética que não dominavam, gerando filmes que, com o propósito de ser “cabeça”, acabavam tornando-se “sem pé nem cabeça”. Foi um período difícil para a nossa produção cinematográfica, onde os temas e narrativas adotados, em pouco tinham  a ver com a realidade nacional. A dura verdade é que a única coisa que se salva dessa época foram os filmes dos Trapalhões (O Cangaceiro Trapalhão é o meu favorito).
Tenho certeza de que o mesmo raciocínio será aplicado a Steve Jobs na próxima década. Lá por 2025, alguém vai chegar a brilhante conclusão de que o fracasso de várias empresas será relacionado à tentativa de imitar o estilo de Steve Jobs sem possuírem o talento (o texto do meu colega Paulo Krieser ilustra bem isso) ou mesmo a motivação para tal.
E o Barcelona? Bom, acho que vocês já captaram meu ponto. Eu não entendo nada de futebol, mas mesmo assim vou me arriscar em um palpite. Aposto que tem muito clube por aí que, fascinado pela aula de futebol apresentada pelo Barça, vai tentar copiar o modelo, como se fosse a solução para todos os problemas do mundo. Resultado: não duvido que daqui alguns anos algum comentarista conclua que a queda na qualidade do futebol Brasileiro em 2012 vai ser culpa do fantástico time do Barcelona.

[]s
Juarez Poletto