quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O País do Não dá Nada

O sujeito atravessa o sinal vermelho em alta velocidade, bate em outro que dirigia alcoolizado cruzando a via. Mata a esposa que estava grávida. O advogado de defesa alega: Sua perda pessoal foi maior do que qualquer pena que a sociedade pudesse aplicar: Não dá nada!

O outro coloca a direção nas mãos da namorada, ao voltar de uma balada no amanhecer do dia de ano novo. A mesma não tinha habilitação, se havia bebido ninguém sabe. Ela atravessa a pista e mata duas pessoas que dirigiam na direção contrária. O argumento da defesa: O fato dela não possuir habilitação é irrelevante nesse caso. Não dá nada!

Depois das enchentes de 2007 e 2009, é solicitado ao ministério dos transportes que reforce a via que faz a ligação da cidade de Goytacazes com o resto do estado do Rio de Janeiro. A estrada, que fica a margem de um rio, serve de dique em períodos de enchente o que é um absurdo do ponto de vista de engenharia. Resultado: Nada é feito e dois anos depois temos uma enchente mais devastadora, que inunda a cidade e tira vidas. Fico pensando no que passa da cabeça de quem avaliou o pedido da construção do dique: Enchente? Chuva? Deixa a estrada assim que não dá nada!

Jader Barbalho, aquele, o Jader Barbalho que renunciou a mandato em função de um processo por supostas irregularidades no desvio de recursos em 2001, é empossado senador em O STF legislou a seu favor na questão da lei da ficha limpa. “Retorno ao senado na condição de um melhor aprendiz”, comentou o ilustríssimo senador no momento da posse. Resumo da história, você já sabe: Não dá Nada!

Seca no sul, perdas de safra, rebanhos morrendo, agricultores desesperados. O Ministro da Integração Nacional é acusado de improbidade administrativa e nepotismo por supostamente favorecer o seu estado (Pernambuco) e seu filho, o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho, com 90% das verbas destinadas a prevenção de catástrofes naturais. Tranquilo, a gente sabe que não dá nada!

Um acusado de homicídio, réu confesso, foi libertado por falta de julgamento no interior de São Paulo. Segundo a justiça, o julgamento foi marcado em três ocasiões, porém, o equipamento de videoconferência que ligava o tribunal e a cadeia, através do qual seria coletado o depoimento do acusado, não funcionou. Detalhe, a distância que separava os dois locais era de apenas seis quilômetros.

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Jack DelaVega